TESTE DE TOLERÂNCIA À INSULINA
OBJETIVOS
Avaliar a secreção hipofisária de hormônio do crescimento (GH), hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e cortisol1.
AÇÃO
A hipoglicemia induzida pela insulina promove supressão da somatostatina e estimulação dos receptores alfa-adrenérgicos, resultando na secreção hipofisária de GH e ACTH1.
MÉTODO
Administrar insulina regular, 0,1U/Kg (a dose pode ser repetida 1-2 vezes em pacientes com resistência insulínica para promover a hipoglicemia desejável: glicemia
< 40mg/dl ou redução ≥ 50% da glicemia basal), IV, e dosar glicemia, GH e/ou cortisol nos tempos 0, 15, 30, 45, 60 e 90 minutos após a administração do medicamento1.
Atenção:
- O teste com hipoglicemia insulínica não deve ser realizado em crianças com menos de 20 kg, com história de convulsões ou cardiopatias2.
- Paciente deve estar em jejum a partir das 24hs do dia anterior1.
- Pacientes com suspeita de pan-hipopituitarismo devem ter a dose de insulina regular reduzida para 0,05U/Kg para evitar hipoglicemia grave e convulsões1.
EFEITOS COLATERAIS
Hipoglicemia (cefaléia, sudorese, taquicardia, fraqueza, tremores, palidez), redução do nível de consciência, convulsões)1.
Em caso de convulsão: colher amostra de sangue para dosar GH, glicemia e cortisol, e administrar 0,5-1,0g/Kg de glicose a 10%, IV, em bôlus. Quando possível, após a administração de glicose, as amostras seriadas de sangue para a dosagem de GH devem ser colhidas1.
CONTRA-INDICAÇÕES PARA O TESTE DE TOLERÂNCIA À INSULINA
- Crianças com menos de 20 kg, com história de convulsões ou cardiopatias (KOPACEK et al., 2010)2.
- Pacientes idosos com doenças cárdio ou cérebro-vasculares1.
- Pacientes com quadro convulsivo1.
RESPOSTA NORMAL
- Avaliação da secreção de GH:
- O pico do GH ocorre geralmente em 60 minutos1.
- Radioimunoensaio (RIA):
- Resposta normal: GH >=10ng/ml1;
- Resposta parcial: GH = 7-10ng/ml1.
- Imunorradiométrico:
- Resposta normal: GH >=7ng/ml1.
- Método imunofluorimétrico:
- Resposta normal: GH >=5ng/ml1.
- Quimioluminescência:
- Resposta normal: GH >=5ng/ml1.
- Avaliação da secreção de cortisol:
- Resposta normal: cortisol plasmático deve atingir valor >= 18mcU/dl1.
INTERPRETAÇÃO
Hipo-resposta: deficiência na secreção hipofisária de GH (Deve ser confirmado por outro teste de estímulo por mecanismo diferente)1.
Em pacientes que apresentam lesão anatômica ou defeitos da região hipotálamo-hipofisária, história de tratamento com radioterapia e/ou deficiência associada a outros hormônios hipofisários, apenas um teste provocativo é necessário para o diagnóstico de deficiência de GH2.
Em adultos: considera-se deficiência grave de GH quando a concentração de GH for < 3 ng/ml no teste de estímulo (insulina, GHRH-arginina ou glucagon). O paciente deve apresentar evidência de lesão hipotálamo-hipofisária e sintomas de deficiência, como dislipidemia e osteoporose2.
ATENÇÃO
- Em pacientes com deficiência de outros hormônios hipofisários, estes devem estar adequadamente repostos antes da realização do teste para a avaliação da deficiência de GH2.
- Nos casos de suspeita de deficiência de GH no período pré-puberal, deverá ser realizado priming com hormônios sexuais previamente à realização do teste provocativo de secreção de GH:
- meninas com idade a partir de 8 anos e estágio puberal abaixo de M3 e PH3 de Tanner deverão receber 3 doses de 1,25 mg/m2 de estrógenos conjugados, por via oral, administradas 72, 48 e 24 horas antes da realização do teste2;
- meninos com idade a partir de 9 anos e estágio puberal abaixo de PH3 de Tanner deverão receber 2 doses de 50 mg de cipionato de testosterona, por via intramuscular, administradas 16 dias e 48 horas antes da realização do teste2.
- Para a interpretação correta do teste é necessário que o paciente tenha apresentado hipoglicemia desejável1.
- O pico de secreção de GH ocorre entre 30 e 60 minutos1.
- O teste de tolerância à insulina (ITT) permite a avaliação concomitante do eixo hipófise-adrenal através da mensuração do cortisol plasmático1.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- FIGUEIREDO, C.C.: Testes dinâmicos para avaliação endocrinológica. In: MONTE, O.; LONGUI, C.A.; CALLIARI, L.E. & KOCHI, C.: Endocrinologia Pediátrica. São Paulo, Atheneu, 3° edição, 2006.
- KOPACEK, C.; ELNECAVE, R.H.; KRUG, B.C. & AMARAL, K.M. (colaboradores); PICON, P.D.; GADELHA, M.I.P. & BELTRAME, A. (editores): Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas - Deficiência de Hormônio do Crescimento - Hipopituitarismo. Portaria SAS/MS n° 110 de março de 2010. Fonte: PCDT - Deficiência de Crescimento/Hipopituitarismo