TESTE DE ESTÍMULO COM HORMÔNIO LIBERADOR DA TIREOTROFINA (TRH)

 

OBJETIVOS

  • Avaliar a reserva hipofisária de prolactina e TSH1;
  • Avalia a presença de hiperprolactinemia1;
  • Diferenciação entre hipotieroidismo hipofisário e hipotalâmico1.

 

AÇÃO

O hormônio estimulador da tireóide (TSH) promove a liberação da prolactina e TSH hipofisário1.

 

MÉTODO

Para avaliação da secreção de TSH:

  • FIGUEIREDO et al (2006): Com o paciente em decúbito dorsal, aplicar TRH 7 mcg/Kg/dose (máximo: 200 mcg), IV, em 15-30 segundos, e dosar TSH nos tempos 0, 15, 30, 60 e 90 minutos após a administração do medicamento1. Dosar T3, T4 e T4L no basal1.
  • BERTRAND et al., 1993: aplicar 5-7 mcg/Kg/dose (máximo: 200 mcg/dose) de TRH sintético, IV, e dosar TSH nos tempos 0, 20, 40 e 60 minutos após a injeção2. T3, T4, TBG e TG podem ser dosados nos tempos 0 e 3-4 horas após a injeção para avaliar a responsividade da tireóide2.
  • SETIAN (2002): administrar 200 mcg de TRH, IV, e dosar TSH e PROLACTINA nos tempos 0, 30, 60 e 120 minutos3. Dosar T3 e T4 nos tempos 0 e 120 minutos3.

 

Para avaliação da secreção de prolactina:

  • Com o paciente em decúbito dorsal, aplicar TRH 7mcg/Kg (máximo: 200mcg), IV, em 15-30 segundos, e dosar prolactina e TSH nos tempos 0, 30 e 60 minutos após a administração do medicamento1.
  • Atenção: para a dosagem de prolactina, deve haver repouso de 30 minutos; jejum é recomendável e o paciente deve permanecer deitado durante o teste1.

 

EFEITOS COLATERAIS

  • Urgência miccional, gosto metálico na boca, sensação de calor, palpitações, náusea, cefaléia e discreta elevação da pressão arterial1,3. Esses efeitos ocorrem após 1-2 minutos da aplicação e duram, no máximo, 5 minutos1.

 

RESPOSTA NORMAL

  • TSH:
    • Método imunorradiométrico (IRMA): aumento do TSH ≥ 7mcU/ml ou valor absoluto entre 10 e 15 mcU/ml1.
    • Os níveis de TSH começam a se elevar em 2 a 5 minutos, atingindo um pico em 20-30 minutos (17±5 μU/mL)2. O pico de resposta ocorre aos 30 minutos e há queda significativa aos 60 minutos1. O TSH atinge os níveis basais 2 a 3 horas após a injeção2. Os níveis de T3 atingem o pico em 3-4 horas após a injeção (geralmente com um aumento de 30 a 70%), enquanto T4 alcança o pico após 6 a 9 horas2.

  • Prolactina:
    • Resposta normal: aumento de prolactina 2-3 vezes em relação ao valor basal, com valor absoluto > 20ng/ml, ocorrendo entre 15-30 minutos1.

 

INTERPRETAÇÃO

  • Hipotireoidismo primário: TSH aumentado no basal e hiper-resposta ao TRH (valores de TSH >25-30 mcU/ml) precoce (aos 15 minutos)1.
  • Hipotireoidismo secundário: resposta do TSH ao TRH subnormal1.
  • Hipotireoidismo terciário: hiper-resposta tardia (aos 60 minutos) e prolongada1.
  • Hipertireoidismo: resposta suprimida (TSH < 0,5mcUml)1.
  • Terapia tireoidiana supressiva: resposta suprimida (TSH < 0,5mcU/ml)1.
  • Insuficiência hipofisária com secreção deficiente de prolactina: hiporesposta de prolactina1.
  • Prolactinoma: aumentos excessivos de prolactina1.

 

ATENÇÃO

  • Cuidados para a realização do teste:
  • Interromper o tratamento com T3 por, pelo menos, 10 dias antes do teste; e interromper o tratamento com T4 por, pelo menos, 6 semanas antes do teste1.
  • Depressão, doença de Cushing, acromegalia e ou uso de medicamentos (contraceptivos orais, ácido acetil salicílico, levodopa, dopamina, bromocriptina, ciproheptadina, corticóides) podem ocasionar hiporresposta1.
  • Uso de metoclopramida, antagonistas da dopamina e anfetaminas podem resultar em hiperresposta1.
  • O teste causa aumento paradoxal da secreção de GH em acromegálicos1.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. FIGUEIREDO, C.C.: Testes dinâmicos para avaliação endocrinológica. In: MONTE, O.; LONGUI, C.A.; CALLIARI, L.E. & KOCHI, C.: Endocrinologia Pediátrica. São Paulo, Atheneu, 3° edição, 2006.
  2. BERTRAND, J.; RAPPAPORT, R. & SIZONENKO, P.: Assessment of endocrine functions. In: BERTRAND, J.; RAPPAPORT, R. & SIZONENKO, P.: Pediatric endocrinology. Physiology, pathophysiology, and clinical aspects. Baltimore, Wiliams & Wilkins, 2nd edition: 658-681, 1993.
  3. SETIAN, N: Hipertireoidismo. In: SETIAN, N.: Endocrinologia pediátrica: aspectos físicos e metabólicos do recém-nascido ao adolescente. São Paulo, Editora Sarvier, 2° edição: 289-298, 2002.