ALTA ESTATURA

 

DEFINIÇÃO

ALTA ESTATURA: estatura superior a 2 DP em relação à média para o sexo, idade cronológica e grupo populacional1.

 

ETIOLOGIA

TABELA: ETIOLOGIA DA ALTA ESTATURA
ETIOLOGIA EXAMES COMENTÁRIOS
VARIAÇÃO NORMAL DO CRESCIMENTO
Alta estatura constitucional, genética ou familiar
  • IGF-1: normal ou no limite superior da normalidade1.
  • IGFBP-3: normal ou no limite superior da normalidade1.
  • Idade óssea: compatível com a idade cronológica1.
  • Previsão de estatura final: compatível com a estatura alvo2.
  • QUADRO CLÍNICO:
    • Exame físico normal2.
    • Estatura ao nascimento: superior ao percentil 752.
    • Estatura: compatível com a estatura-alvo1.
    • Velocidade de crescimento: limite superior da normalidade2.
    • Porporções corporais: normais1.
    • Desenvolvimento puberal: normal1.
  • É diagnóstico de exclusão1.
DOENÇAS ENDÓCRINO-METABÓLICAS
Recém-nascido filho de mãe diabética
  • QUADRO CLÍNICO:
    • Hipoglicemia transitória nas primeiras horas de vida1.
    • Macrossomia ao nascimento (aumento de peso > aumento da estatura)1.
    • Risco aumentado para: policitemia, estenose subaórtica, trombose de veia renal e agenesia lombossacral1.
Hiperinsulinismo neonatal
  • Insulina sérica: elevada1.
  • Amônia sérica elevada1.
  • Etiologia:
    • mutações autossômicas recessivas dos genes ABCC8 e KCNJ111.
    • mutações ativadoras autossômicas dominantes do gene GCK (glucoquinase)1.
    • mutações ativadoras autossômicas dominantes do gene GLUD1 (glutamato desidrogenase)1.
Gigantismo hipofisário
  • GH sérico: normal ou elevado2.
  • IGF-1: elevado1.
  • IGFBP-3: elevado1.
  • Resposta do GH no teste de tolerância oral à glicose (TTOG):
  • Resposta positiva: supressão. GH < 1ng/mL 2 horas após a sobrecarga de glicose (1,75g glicose/Kg, VO [dose máxima = 75g glicose])1.
    • Adolescentes podem ter resultados falso-positivos1.
  • RMN DA SELA TÚRCICA1.
  • Raro na criança2.
  • Geralmente decorrente de adenoma hipofisário (somatotropinoma)2.
  • QUADRO CLÍNICO:
    • alta estatura (superior a +3 ou +4 DP)1.
    • intolerância à glicose1.
    • hiperinsulinismo1.
    • hiperprolactinemia: galactorréia, irregularidade menstrual (mulheres)1.
    • Hemianopsia bitemporal2.1
  • ETIOLOGIA:
    • adenoma hipofisário secretor de GH (somatotropinoma) ou adenoma bimorfo secretor de GH e prolactina1.
      • Macroadenomas (50% invasivos) são mais frequentes que os microadenomas1.
      • Sexo feminino é mais afetado1.
    • Secreção ectópica de GHRH:
      • tumores carcinóides1.
      • adenomas pancreáticos1.
      • adenomas brônquicos1.
      • gangliocitoma intracraniano1.
  • Adenoma hipofisário pode fazer parte de síndromes:
    • Síndrome de McCune-Albright: manchas café-com-leite, disostoses ósseas e puberdade precoce1.
    • Neoplasia endócrina múltipla tipo 1 (NEM-1 ou síndrome de Werner, síndrome PPP ou síndrome dos "3P"): neoplasias da paratireóide, hipófise e pâncreas1.
    • Complexo de Carney:
      • Decorre da mutação do gene PRKR1A1.
      • Inclui: hiperplasia adrenal nodular pigmentada, nevos cutaneos lentiginosos, mixomas cardíacos, cutâneos e mamários, tumor de células de Leydig ou de Sertoli, cistos ovarianos e carcinoma medular da tireóide1.
    • Adenoma hipofisário de herança familial (FIPA): mutação do gene AIP1.
    • Acrogigantismo ligado ao X: microduplicações do Xq26.31.
  • TRATAMENTO:
    • Cirúrgico1.
    • Radioterapia1.
    • Análogos da somatostatina:
      • OCTREOTIDA1.
      • LANREOTIDA1.
    • Agonistas dopaminérgicos:
      • BROMOCRIPTINA1.
      • CABERGOLINA1.
    • Antagonistas do receptor de GH:
      • PEGVISOMANTO1.
Acromegaloidismo
  • GH: normal1.
  • IGF1: normal1.
  • Sem adenomal ou hiperplasia hipofisária1.
  • QUADRO CLÍNICO:
    • alta estatura1.
    • sinais de acromegalia: facies acromegálica, hiperidrose, artralgia, hipertensão, cefaléia, astenia, hipertricose1.
Puberdade precoce
  • Idade Óssea: avançada2.
  • DEFINIÇÃO: início do desenvolvimento sexual antes dos 8 anos de idade em meninas e antes de 9 anos em meninos1.
  • QUADRO CLÍNICO: desenvolvimento puberal precoce2. Velocidade de crescimento aumentada2.
  • CLASSIFICAÇÃO:
    • Puberdade precoce central: dependente de gonadotrofinas:
      • Idiopática1.
      • Resultado de lesões no sistema nervoso central1.
    • Puberdade precoce periférica: independente de gonadotrofinas:
      • Esteróides sexuais exógenos1.
      • Esteróides sexuais endógenos adrenais ou gonadais1.
        • Hipotireoidismo primário1.
Hiperplasia adrenal congênita
  • idade óssea: avançada1.
  • Velocidade de crescimento: elevada1.
  • QUADRO CLÍNICO: pubarca precoce, acne, odor corporal adulto, aumento peniano ou clitoromegalia, sem desenvolvimento mamário ou testicular2.
Hipogonadismo
  • alta estatura com proporções eunucóides1.
  • Atraso puberal: não início do desenvolvimento puberal em meninas com mais de 13 anos de idade e em meninos com mais de 14 anos1.
  • Hipogonadismo:
    • primário: distúrbio gonadal1.
    • central:distúrbio hipotalâmico-hipofisário1.
Deficiência de aromatase
  • ESTRÓGENOS SÉRICOS: reduzidos1.
  • ANDRÓGENOS SÉRICOS: elevados1.
  • GONADOTROFINAS: elevadas1.
  • IDADE ÓSSEA: atrasada1.
  • DENSITOMETRIA: redução da mineralização óssea1.
  • Mutação do gene CYP19A1, impedindo a conversão de andrógenos a estrógenos, com atraso no fechamento das epífises de crescimento pela deficiência de estrógenos1.
  • Herança autossômica recessiva1.
  • QUADRO CLÍNICO:
    • Sexo masculino: alta estatura, proporções eunucóides, puberdade normal, sobrepeso, geno valgo, osteoporose, dislipidemia, resistência insulínica1.
    • Sexo feminino: nascem com virilização da genitália externa (elevação do S-DHEA produzido pela placenta, em virtude da redução de sua conversão em estradiol1. Gestantes desenvolvem acne e hirsutismo durante a gestação1. As pacientes evoluem com alta estatura, amenorréia primária, hipodesenvolvimento mamário e hipogonadismo hipergonadotrófico1.
  • TRATAMENTO:
    • Reposição de ESTRÓGENOS: tanto para o sexo feminino, como masculino1.
Resistência estrogênica  
  • Raro1.
  • Mutação no gene do receptor estrogênico ER-alfa1.
  • Quadro clínico e radiológico semelhante à deficiência da aromatase1. Porporção eunucóide (segmento inferior longo e segmento superior curto)2.
Hipertireoidismo
  • Velocidade de crescimento: acelerada1.
  • QUADRO CLÍNICO: palpitações, fraqueza muscular, diarréia, perda de peso e intolerância ao calor2.
  • Hipertireoidismo:
    • primário: distúrbio tireoidiano. Ex.: doença de Graves1.
    • secundário: distúrbio hipotálamo-hipofisário1.
  • Decorre da ação sinérgica do hormônio tireoidiano com o IGF-11.
  • TRATAMENTO: tratamento do hipertireoidismo normaliza a aceleração do crescimento1.
Deficiência familiar de glicocorticóide
  • Cortisol sérico: reduzido1.
  • ACTH sérico: elevado1.
  • Eletrólitos séricos: normais2.
  • Rara1.
  • Herança autossômica recessiva1.
  • Mutação no gene MC2R (receptor da melanocortina 2), com disfunção do receptor da corticotrofina e insuficência adrenal primária, por resistência à ação do ACTH1.
  • Produção de mineralocorticóides é normal1.
  • A alta estatura decorre:
    • ausência do efeito inibidor dos glicocorticóides sobre o crescimento1.
    • ausência de inibição dos andrógenos adrenais sobre o crescimento1.
    • elevação dos níveis séricos do ACTH1.
    • QUADRO CLÍNICO: hiperpigmentação, cansaço, hipoglicemia1. Alacrimia2. Sintomas de insuficiência adrenal sem alteração nos eletrólitos séricos2.
Resistência familiar aos glicocorticóides
  • CORTISOL SÉRICO: elevado1.
  • IDADE ÓSSEA: AVANÇADA1.
  • Rara1.
  • Mutação do gene do receptor do cortisol1.
  • Alta estatura decorre do efeito do ACTH sobre a produção de andrógenos1.
  • QUADRO CLÍNICO: sinais de insuficiência adrenal primária com início na infância e alta estatura1.
Obesidade exógena
  • GH SÉRICO: normal ou diminuído1.
  • IGF-1 SÉRICA: elevado1.
  • IGFBP-3 SÉRICO: elevado1.
  • INSULINA SÉRICA: elevada1.
  • Crianças pré-púberes com obesidade exógena geralmente apresenta alta estatura e avanço puberal1.
  • Estatura final compatível com a estatura-alvo2.
Homocistinúria
  • HOMOCISTEÍNA SÉRICA: elevada1.
  • HOMOCISTEÍNA URINÁRIA: elevada1.
  • Doença autossômica recessiva do metabolismo dos aminoácidos1.
  • Mutação do gene CBS (cistationina-beta-sintetase), localizado no cromossomo 21q22.3, com deficiência da enzima cistatinona-sintetase, que converte homocisteína em cistationina1.
  • QUADRO CLÍNICO: alta estatura, hábito marfanóide, retardo mental, pectus carinatum, luzação do cristalino (ectopia lentis) e propensão para trombose arterial e venosa1.
  • TRATAMENTO:
    • dieta pobre em metionina (diminuição da síntese de homosisteína)1.
    • VITAMINA B6: altas doses. Vitamina B6 é um cofator para a cistationina-sintetase)1.
    • FOLATO: 5 mg, VO, 1 vez ao dia1.
Lipodistrofia congênita total
  • INSULINEMIA: aumentada1.
  • Intolerância à glicose1.
  • Dislipidemia1.
  • Autossômica recessiva1.
  • QUADRO CLÍNICO: alta estatura, ausência generalizada da gordura subcutânea, hipertrofia muscular, hiperpigmentação, mãos e pés grandes, aumento do pênis ou do clitóris, intolerância à glicose1.
  • FORMAS CLÍNICAS:
    • Leprechaunismo1.
    • Síndrome de Berardinelli1.
  • TRATAMENTO:
    • INSULINOTERAPIA: doses elevadas1.
Trissomia do receptor do IGF-1 (IGF-1R)  
  • QUADRO CLÍNICO: macrossomia ao nascimento, macrocefalia, retardo mental e craniossinostose1.
SÍNDROMES GENÉTICAS
Síndrome de Marfan  
  • Herança autossômica dominante (75%) ou novas mutações (25%)1.
  • 60-90% se associam com mutaçao do gene da fibrilina-1 (FBN1), localizado no cromossomo 15q21.11.
  • Doença genética do tecido conectivo, afetando o sistema ocular, músculo-esquelético e cardiovascular1.
  • Incidência: 2-2:5.000-10.000 nascimentos1.
  • Sem predileção por gênero ou etnia1.
  • Acentuada variabilidade inter e intra-familiar1.
  • QUADRO CLÍNICO: sem déficit cognitivo, alta estatura, hábito marfanóide (razão segmento superior/segmento inferior < 0,86 e razão envergadura/estatura > 1,05), aracnodactilia, dolicostenocefalia, pectus excavatum ou carinatum, escoliose, hiperextensibilidade articular (sinal do polegar ou de Steinberg; sinal do punho ou de Walker-Murdoch), prolapso e regurgitação de válvula mitral, dilatação ventricular esquerda e aneurisma da raiz da aorta, descolamento de retina, glaucoma e catarata1.
Síndrome de Loeys-Dietz (SLD) ou síndrome de Marfan tipo II  
  • Mutação no gene TGFBR1 (transforming growth factor beta-receptor-1) ou TGFBR-2, localizados, respectivamente, nos cromossomos 9 e 31.
  • QUADRO CLÍNICO: semelhante ao da síndrome de Marfan, exceto por não apresentar envolvimento ocular e por apresentar déficit cognitivo1.
Síndrome de Beals ou aracnodactilia contratural congênita  
  • Mutação dominante do gene FBN2, localizado no cromossomo 5q23.31.
  • QUADRO CLÍNICO: contraturas congênitas, camptodactilia dos dedos das mãos, anomalias de orelhas (hélice grudada no pavilhão auricular) e micrognatia1.
Síndrome de Klinefelter
  • LH SÉRICO: elevado1.
  • FSH SÉRICO: elevado1.
  • TESTOSTERONA: limite inferior da normalidade1.
  • CARIÓTIPO: 47,XXY (70-80%), 48,XXXY, 48, XXYY, 49XXXXY, 47,XXY/48,XXXY e 46,XY/47,XXY1.
  • Incidência: 1:500 a 1:1.000 meninos nascidos vivos1.
  • QUADRO CLÍNICO: manifesta-se na adolescência com: alta estatura, atraso puberal (início em idade normal, mas com progressão lenta para hipogonadismo e infertilidade), proporções eunucóides, ginecomastia, testículos pequenos endurecidos à palpação, distúrbios de aprendizado da linguagem e do temperamento1. Aumento do comprimento dos membros inferiores, sem aumento da envergadura2.
  • TRATAMENTO:
    • TESTOSTERONA1.
    • MAMOPLASTIA: correçao da ginecomastia1.
Síndrome XYY, síndrome do duplo Y ou homem 47,XYY
  • CARIÓTIPO1.
  • QUADRO CLÍNICO: alta estatura, dentes proporcionalmente grandes, acne cística em face, sinostose radioulnar, dificuldade de coordenação motora e distúrbio do comportamento, sem retardo mental1.
Trissomia X, síndrome do triplo X ou mulher 47,XXX  
  • Incidência: 1:1.000 meninas nascidas vivas (alteração mais frequente do cromossomo X)1.
  • Superexpressão do gene SHOX, localizado na regiao pseudoautossômica (PAR1) dos cromossomos sexuais1.
  • QUADRO CLÍNICO: alta estatura, fenótipo e desenvolvimento sexual normal, hiperteilorismo ocular, epicanto, clinodactilia do 5º quidodáctilo, sindactilia, insuficiência ovariana prematura e amenorréia secundária1.
Síndrome do X frágil  
  • Herança dominnte ligada ao X, com expressividade variárvel2.
  • Causa genética mais frequente de retardo mental, com prevalência de 1:250 em meninos e 1:2.500 nas meninas1.
  • Mutação do gene FMR1 (fragile X mental retardation gene), localizado no cromossomo Xq27.31,2.
  • QUADRO CLÍNICO:
    • deficiência intelectual, frequentemente associada a autismo, atraso na fala, hiperatividade, face longa e estreita, orelhas proeminentes, dedos prexíveis, hipotonia2.
    • aumento da velocidade de crescimento pré-puberal, que diminui após a puberdade2.
    • Meninas: alta estatura, macrocefalia, distúrbios do comportamento, retardo mental limítrofe1.
    • Meninos: alta estatura, orelhas grandes, macro-orquismo (25-70 mL), prolapso de valva mitral, estrabismo, frouxidão ligamentar e retardo mental1.
    • Tardiamente: tremores e ataxia1.
Síndrome de Beckwith-Wiedemann (SBW)  
  • Incidência: 1:13.000 nascidos vivos1.
  • Esporádico (85%) ou herança autossômica dominante (15%)1.
  • Alterações genéticas no cromossomo 11p15.5, causando expressão bialélica do gene IGF-2, ou reduçao da expressão do gene CDKN1C1.
  • QUADRO CLÍNICO: macrossomia neonatal, hipoglicemia neonatal (50%, por hiperinsulinismo decorrente de hiperplasia das células beta-pancreáticas, ou aumento da produção de IGF-2, resolvendo-se espontaneamente dentro dos 4 meses de vida), macroglossia, lóbulo da orelha enrugado, hérnia umbilical, malformações renais, nefromegalia, hepatoesplenomegalia, hemi-hipertrofia, criptorquidismo e avanço puberal1. Predisposição aumentada para tumor de Wilms, hepatoblastoma, neuroblastoma, rabdomiossarcoma, e carcinoma suprarrenal1.
  • DIAGNÓSTICO: FISH para o cromossomo 11p151.
  • MONITORIZAÇÃO NEOPLÁSICA:
    • USG ABDOME: a cada 3 meses até 5 anos de idade (com dosagem de ALFAFETOPROTEÍNA), e a cada 4 meses até 8 anos de idade1.
    • TESTES MOLECULARES PARA KvDMR1 e DISSOMIA UNIPARENTAL DO CROMOSSOMO 11: estratificam o risco de desenvolvimento de neoplasias1.
Síndrome de Sotos ou gigantismo cerebral
  • IDADE ÓSSEA: avançada1.
  • Mutação e deleção do gene NSD1 (nuclear receptor binding set domain protein 1)(90% - haploinsuficiência do gene NSD, gene repressor do crescimento), localizado no cromossomo 5q, 35.5-35.31.
  • Esporádica (maioria)1.
  • Incidência: 1:15.000 nascidos vivos1.
  • QUADRO CLÍNICO: RN-GIG, dismorfias faciais (fronte proeminente, macrocefalia, dolicocefalia, orelhas grandes, hiperteilorismo, fascies triangular, estrabismo, prognatismo), palato ogival, mãos e pés grandes, demtição precoce, retardo mental, velocidade de crescimento acelerada até 4-5 anos de idade (tornando-se normal a partir desta idade), malformações cardíacas, esqueléticas, (cifoescoliose), urogenitais (hidronefrose, hipoplasia renal, agenesia renal), oftalmológicas (estrabismo, alterações do nervo óptico ou retina), hipotireoidismo primário1. Risco baixo para o desenvolvimento de neoplasias (teratoma sacrococcígeo, neuroblastoma, leucemia e linfoma)2.
  • DIAGNÓSTICO: FISH para o cromosssomo 5q351.
Síndrome de Weaver
  • IDADE ÓSSEA: avançada1.
  • Esporádica (maioria)1. Eventulamente, com herança autossômica dominante2.
  • Mutação no gene EZH22.
  • QUADRO CLÍNICO: RN-GIG, velocidade de crescimento desacelera na segunda infância, dismorfias faciais (macrocefalia neonatal, fronte proeminente, achatamento occipital, orelhas grandes, micrognatia, filtro largo, queixo proeminente, rosto largo), hipo ou hipertonia, hipertricose, cabelos finos, retardo mental, voz rouca, hipoplasia ungueal, camptodactilia, limitação dos movimentos de cotovelos e joelhos e risco para neuroblastomas1.
Síndrome de Marshall-Smith  
  • Mutação do gene HZH21.
  • QUADRO CLÍNICO: macrossomia neonatal, dolicocefalia, fronte proeminente, pseudoexoftalmia (órbitas rasas), micrognatia, retardo mental, escleras azuladas, cardiopatia, atresia de coanas e ausância de corpo caloso1.
Síndrome de Perlman  
  • Herança autossômica recessiva1.
  • Mutação do gene DIS3L21.
  • QUADRO CLÍNICO: gigantismo fetal, hiperglicemia hiperinsulinêmica neonatal, visceromegalia, hamartomas renais bilaterais, nefroblastomatose, hidronefrose, hidroureter, criptorquidismo, retardo mental, tumor de Wilms1.
  • Monitorização: USG DE ABDOME periódica1.
Síndrome de Simpson-Golabi-Behmel
  • Idade Óssea: avançada2.
  • Herança ligada ao X1.
  • Mutação ou deleção do gene GPC3 (glypican 3), localizado no cromossomo Xq26.21.
  • Tipos:
    • Tipo I: mutação do gene GPC3, localizado no cromossomo Xq26.1 e expresso nos rins, fígado, e pulmões2.
    • Tipo II: duplicação do gene GPC4, que regula a divisão e o crescimento celular2.
  • QUADRO CLÍNICO: gigantismo fetal, hipoglicemia neonatal, fascies grosseira (face de bulldog: mandíbula grande e proeminente, ponta do nariz para cima, boca e língua grandes, lábios grossos), palato ogival, macroglossia, hipotonia generallizada, mamilos supranumerários, pectus excavatum, defeitos vertebrais, hérnia diafragmática congênita, visceromegalia, cardiopatia congênita (defeito estrutural e de concução), mãos largas e curtas, pés tortos com unhas displásicas, polidactilia, ausência ou hipoplasia das unhas do 2º quirodáctilo, rins displásicos multicísticos, atraso no desenvolvimento, dificuldade de aprendizado, retardo mental (raro), malformação de Dandy-Walker, agenesia do corpo caloso e risco aumentado de desenvolvimento de tumores (tumor de Wilms, hepatoblastoma, gonadoblastoma e carcinoma hepatocelular)1,2. 50% dos pacientes morrem no período neonatal1.
  • DIAGNÓSTICO: sequenciamento do gene GCP31.
  • Monitorização: USG ABDOME: a cada 3 meses até 8 anos de idade1.
Síndrome de Bannayan-Riley-Ruvalcaba  
  • Mutação no gene PTEN (phosphatase tensin homolog), localizado no cromossomo 101.
  • Faz parte da SÍNDROME DO PTEN HAMARTOMA:
    • Síndrome de Bannayan-Riley-Ruvalcaba1.
    • Doença de Cowden: adultos com macrocefalia, hamartomas de pele e mucosas, lesões verrucosas de pele e neoplasias (tireóide, mamas e ováio)1.
    • Doença de Lhermitte-Duclos (gangliocitoma displásico do cerebelo ou doença parenquimatosa do cerebelo tipo VI): início na vida adulta com manifestações clínicas da doença de Cowden1.
  • QUADRO CLÍNICO: alta estatura, hipotonia, macrocefalia, hérnia diafragmática, hamartomas (ex.: lipomas, hemangiomas, linfangiomas, pólipos intestinais), tumores (seminoma, germinoma) e máculas penianas1.
Síndrome de Pallister-Killian  
  • Tetrassomia do cromossomo 12p1.
  • QUADRO CLÍNICO: crescimento fetal normal ou excessivo, polidactilia, fronte proeminente, hipertelorismo, achatamento occipital, pescoço curto, cardiopatia congênita, hérnia diafragmática congênita, hipotonia e convulsões1. Associada com idade materna avançada1.
  • DIAGNÓSTICO: FISH para o cromosssomo 12p1.
Síndrome de Costello  
  • Herança autossômica dominante1.
  • QUADRO CLÍNICO: macrossomia, macrocefalia, epicanto, boca grande, lábios grossos, bochechas cheias, ventriculomegalia e arritmia cardíaca1.
Síndrome de Partington  
  • Duplicação da região 4p161.
  • QUADRO CLÍNICO: alta estatura, macrocefalia, excesso de cabelos em couro cabeludo e sobrancelhas, mandíbula quadrada, nariz pequeno, mãos e pés grandes e retardo mental1.
Síndrome M-CMTC (macrocefalia, cutis marmorata, telangiectasia congênita)  
  • macrossomia, excesso de pelos em couro cabeludo e sobrancelhas, macrocefalia, polidactilia, sindactilia, mãos e pés grandes e malformações cerebrais (anomalia de Chiari, ventriculomegalia)1.
Neurofibromatose tipo 1 (doença de Von Recklinghausen)  
  • Herança autossômica dominante1. 50% são casos esporádicos1.
  • Incidência: 1:3.000 nascidos vivos1.
  • Mutação no gene NF1, localizado no cromossomo 17q11.12, que codifica a proteína neurofibrina, relacionada à regulação da diferenciação e proliferação celular1.
  • QUADRO CLÍNICO: maioria dos casos apresenta baixa estatura, manchas café-com-leite e neurofibromas1. 2-4% dos casos apresenta alta estatura1.
  • CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DA NEUROFIBROMATOSE TIPO 1 (NIH)1: Presença de 2 ou mais dos seguintes critérios:
    • 6 ou mais manchas café-com-leite > 5 mm de diâmetro em pacientes pré-púberes e > 15 mm em pacientes púberes.
    • 2 ou mais neurofibromas de nervos periféricos ou 1 neurofibromas plexiforme.
    • sardas ou efélides na região axiliar ou inguinal.
    • glioma óptico.
    • 2 ou mais nódulos de Lish (hamartomas da íris).
    • displasia do esfenóide ou pseudoartrose ou afinamento do córtex dos ossos longos.
    • presença de um familiar de primeiro grau com neurofibromatose tipo 1.
Síndrome de Nevo  
  • Herança autossômica recessiva1.
  • Mutação no exon 9 do gene PLOD11. É uma variante alélica da síndrome de Ehlers-Danlos tipo VI-A1.
  • QUADRO CLÍNICO: macrossomia neonatal, cifose, hipotonia muscular e hiperextensibilidade articular1.
Síndrome de Elejalde (displasia acrocefalopolidáctila)  
  • Herança autossômica dominante1.
  • Mutações inativadoras do gene FGFR1.
  • QUADRO CLÍNICO: gigantismo pré-natal, craniossinostose, hiperteilorismo, epicanto, polidactilia, onfalocele, doença policística renal bilateral, hipoplasia pulmonar e insuficiência pancreática1.
Síndrome CATSHI (camptodactilia, tall stature, scoliosis, hearing loss)  
  • Mutação inativadora do gene FGFR3 (fibroblast growth factor receptor)1.
  • QUADRO CLÍNICO: alta estatura, microcefalia, surdez neurossensorial, camptodactilia e retardo mental1.

 

DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO DIFERENCIAL DA ALTA ESTATURA

DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO DA ALTA ESTATURA DE INÍCIO PRÉ-NATAL

 

TABELA: DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO DIFERENCIAL DA ALTA ESTATURA DE INÍCIO PRÉ-NATAL
HIPOGLICEMIA NEONATAL PERÍMETRO CEFÁLICO PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DISTÚRBIO
presente (transitória) normal Hiperbilirrubinemia, trombose da veia renal, policitemia, cardiomegalia, estenose subaórtica, agenesia lombosacral RN de mãe diabética
presente normal Micrognatia, distensão abdominal, visceromegalia Síndrome de Perlman
presente (persistente) diminuído Macrossomia Hiperinsulinismo neonatal
presente aumentado Macroglossia, visceromegalia, onfalocele, alteração das orelhas, hemi-hipertrofia, displasia renal Síndrome de Beckwith-Wiedemann
presente aumentado Macroglossia, visceromegalia, hipotonia, cardiopatia congênita Síndrome de Simpson-Golabi-Behmel
ausente normal Cifose, hipotonia muscular, hiperextensibilidade articular Síndrome de Nevo
ausente normal Craniossinostose, polidactilia, onfalocele, hiperteilorismo, doença policística renal bilateral, hipoplasia pulmonar e insuficiência pancreática Síndrome de Elejalde
ausente normal Polidactilia, fronte proeminente, hiperteilorismo, pescoço curto, cardiopatia congênita, hérnia diafragmática Síndrome de Pallister-Killian
ausente aumentado Hiperteilorismo, hipotonia, dificuldade respiratória Síndrome de Sotos
ausente aumentado Fronte proeminente, orelhas grandes, micrognatia, hipertricose, cabelos finos, retardo mental, hipoplasia ungueal, camptodactilia Síndrome de Weaver
ausente aumentado Fronte proeminente, pseudo-exoftalmia, micrognatia, retardo mental, escleras azuladas Síndrome de Marshall-Smith
Fonte: modificado de ALVES, 2019.

 

 

TABELA: ALTA ESTATURA
PADRÃO DA ALTA ESTATURA PARÃMETRO ADICIONAL DIAGNÓSTICOS
proporcional sobrepeso

Obesidade exógena

proporcional puberdade precoce

Puberdade precoce

  atraso puberal

Hipogonadismo

Mulheres 47, XXX

Síndrome de Klinefelter

proporcional inteligência normal

Alta estatura constitucional

proporcional déficit intelectual

Síndrome de Sotos

Síndrome de Weaver

Síndrome de marshall-Smith

Síndrome de Beckwith-Wiedemann

  alta estatura de início ao nascimento

RN filho de mãe diabética

Síndromes genéticas

  hipoglicemia neonatal

RN filho de mãe diabética

lactentes gigantes

Síndrome de Beckwith-Wiedemann

Síndrome de Simpson-Golabi-Behmel

Síndrome de Perlman

  macrocefalia

Síndrome de Simpson-Golabi-Behmel

Síndrome de Sotos

Síndrome de Weaver

Síndrome de Nevo

Síndrome de Marshall-Smith

  alterações renais

Síndrome de Beckwith-Wiedemann

Síndrome de Simpson-Golabi-Behmel

Síndrome de Sotos

Síndrome de Elejalde

  cardiopatias

Síndrome de Marfan

Síndrome de Beals

Síndrome de Sotos

Síndrome de Simpson-Golabi-Behmel

Síndrome de Pallister-Killian

  neoplasias

Síndrome de Sotos

Síndrome de Weaver

Síndrome de Perlman

Síndrome de Simpson-Golabi-Behmel

Síndrome de Beckwith-Wiedemann

  visceromegalias

Síndrome de Beckwith-Wiedemann

Síndrome de Simpson-Golabi-Behmel

  Idade Óssea avançada

Síndrome de Sotos

Síndrome de Weaver

Síndrome de Nevo

desproporcional inteligência normal

Síndrome de Marfan

Hipogonadismo

desporporcional déficit intelectual

Síndrome de Klinefelter

Síndrome XYY

Homocistinúria

Fonte: modificado de ALVES, 2019.

 

TABELA: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DAS PRINCIPAIS CAUSAS GENÉTICAS DE ALTA ESTATURA
SÍNDROME INÍCIO PRÉ-NATAL HIPOGLICEMIA NEONATAL MACROCRANIA / DOLICOCEFALIA CARDIOPATIA NEFROPATIA PROPORÇÃO EUNUCÓIDE RISCO DE NEOPLASIA
Bannayan-Riley-Ruvalcaba             +
Beals       +   +  
Beckwith-Wiedemann + +   + +   +
Costello     + +      
Elejalde +     + +    
Klinefelter           +  
Marfan       +   +  
Marshall-Smith +   +        
Nevo +   +        
Pallister-Killian +     +      
Partington     +        
Perlman + +          
Simpson-Golabi-Behmel + + + + +   +
Sotos +   + + +   +
Weaver +   +       +
Fonte: ALVES, 2019.

 

 

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

 

Figura 1: Algoritmo diagnóstico da alta estatura. (Fonte: BESERRA, 2019)

 

TABELA: EXAMES LABORATORIAIS - 1º ETAPA DE INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA
EXAME INDICAÇÃO COMENTÁRIO
Glicemia
Insulina
  Detectar hipoglicemia nos RN filhos de mães diabéticas, hiperinsulinismo neonatal e síndromes genéticas (Beckwith-Wiedemann; Simpson-Golabi-Behmel, Perlman)1.
TSH
T3
T4L
  Detectar hipertireoidismo1.
GH basal   GH basal < 0,4 ng/mL torna pouco provável o diagnóstico de adenomas secretores de GH1.
IGF-1
IGFBP-3
  Investigar hipersecreção de GH1.
Prolactina   Investigar turmores produtores de GH1.
LH
FSH
Testosterona ou estradiol
pacientes com atraso ou avanço puberal1. Investigar hipogonadismo ou puberdade precoce1.
Cortisol sérico matinal
ACTH
 
  • Cortisol:
    • Diminuído = síndrome de hipocortisolemia familiar1.
    • Aumentado = síndrome de resistência periférica aos glicocorticóides1.
Homocisteína sérica e urinária   Investigar homocistinúria1.
Cariótipo suspeita de síndrome genética, principalmente meninos com relaçao segmento superior/segmento inferior reduzida ou retardo mental1. Investigar alta estatura sindrômica1.
Idade Óssea    
Raios-X de tórax (PA e P) suspeita de síndrome genética1.  
USG de abdome total suspeita de síndrome genética1. Detectar tumores (tumor de Wilms, hepatoblastoma, etc) e visceromegalias1.
Ecocardiograma suspeita de síndrome genética1.  
Avaliação Oftalmológica suspeita de síndrome de Marfan e Homocistinúria1.
  • Detectar:
    • Síndrome de Marfan: subluxação do cristalino inferior e miopia1.
    • Homocistinúria: subluxação do cristalino superior1.
 

 

TABELA: AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA ALTA ESTATURA - SEGUNDA ETAPA
EXAME INDICAÇÃO COMENTÁRIO
Dosagem de GH após Teste de Tolerância Oral à Glicose (TTOG)  

Método: administrar 1,75 g/Kg de glicose (máximo: 75g), VO, e dosar GH sérico nos tempos 0, 30, 60, 90 e 120 minutos1.

Resposta:

  • Normal: GH sérico mais baixo (nadir) após estímulo < 1 ng/mL1.

Observação: pacientes adolescentes podem apresentar resultado falso-positivo, não havendo supressãodo GH após o estímulo1.

 

RMN sela túrcica gigantismo, puberdade precoce ou atrasada  
Avaliação com geneticista suspeita de síndrome genética1.  
 

 

TABELA: AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA ALTA ESTATURA - 3° ETAPA
EXAME SÍNDROME GENÉTICA
Sequenciamento do gene GCP3 Síndrome de Simpson-Golabi-Behmel
FISH para o cromossomo 5q35 Síndrome de Sotos
FISH para o cromossomo 12p Síndrome de Pallister-Killian
FISH para o cromossomo 11p15 Síndrome de Beckwith-Wiedemann
Comparative genomic hybridization (CGH)  
Whole exome sequencing (WES)  
 

 

TRATAMENTO

Pacientes com idade óssea superior a 13 anos, se meninas, e superior a 14 anos, se meninos, não se beneficiam em termos de redução da estatura final com o tratamento medicamentoso1.

O método de Greulich-Pyle e de Tanner-Whitehouse Mark 1 e 2 superestimam a previsão da estatura final quando a idade óssea é inferior a 9 anos1.

 

ALTA ESTATURA CONSTITUCIONAL

  • MENINAS:
    • ESTRÓGENO:
      • ETINILESTRADIOL: 100-300 µg/dia2. Se ocorrer sagramento vaginal ou, após 1 ano do início de tratamento, adiciona-se progesterona cíclica à terapia estrogênica (NERTISTERONA: 5 mg/dia, VO, dop 1º ao 14º dia do mês)2.
      • Suspender o medicamento quando a Idade Óssea atingir 14 anos, se surgirem efeitos adversos ou quando a família decide pela suspensão1.
      • Discutir o tratamento com os pais:
        • redução da estatura final entre 1,2 e 8 cm1.
        • Efeitos adversos: ganho de peso, hipertensão, náusea, hiperplasia endometrial, tromboembolismo e redução da futura fertilidade1.
        • surgimento de caracteres sexuais secundários e menstruação em meninas ainda pré-púberes1.
    • LANREOTIDA:
      • Análogo da somatostatina, reduzindo a secreção de GH e IGF-11.
      • Posologia:30 mg, IM, a cada 10 a 14 dias, pelo tempo médio de 22 meses1.
      • Reduz a estatura final em 3,8 cm1.
      • Efeitos adversos: diarréia, vômito, cólica abdominal, lama e litíase biliar1.
  • MENINOS:
    • ENANTADO DE TESTOSTERONA: 250 mg, IM, 15/15 dias1,2.
    • Suspender o tratamento quando a Idade Óssea atingir 14 anos, quando surgirem efeitos adversos ou quando a família opta pela suspensão1.
    • Discutir o tratamento com os pais:
      • redução da estatura final entre 1,2 e 8 cm1.
      • Efeitos adversos: início da puberdade em crianças pré-púberes, acne, edema de extremidades, ginecomastia, ereções prolongadas e/ou dolorosas, recessão temporal dos cabelos, etc1.
      • falta da acurácia do atlas de Bayley-Pinneau em predizer a estatura final, pois tende a superestimá-la1.

 

ADENOMA HIPOFISÁRIO SECRETOR DE GH

  • 1º Opção: TRATAMENTO CIRÚRGICO:
    • Remoção dos tumores pequenos e bem delimitados por neurocirurgia (preferencialmente transesfenoidal)1.
    • Sucesso cirúrgico:
      • GH após TTOG < 1 ng/mL e redução dos níveis sérios de IGF-1 e IGFBP-31.
    • Complicações cirúrgicas: hipopituitarismo, fistula liquórica, lesão do nervo óptico, meningite, etc1.
  • 2º Opção: TRATAMENTO MEDICAMENTOSO:
    • ANÁLOGOS DA SOMATOSTATINA:
      • Suprimem a secreção de GH e IGF-1, mas são pouco eficazes na redução tumoral1.
      • OCTREOTIDA (SANDOSTATIN: ampolas de 0,05, 0,1 e 0,5 mg):1 a 40 mg/Kg/dia, SC, 8/8 horas1.
      • OCTREOTIDA DE LONGA DURAÇÃO (SANDOSTATIN LAR: ampolas de 30 mg): 10 a 30 mg, IM, a cada mês1.
      • LANREOTIDA (SOMATULINE LP: ampola 30 mg): 30 mg, IM, a cada 7 a 14 dias1.
      • Efeitos colaterais: vômito, diarréia, dor abdominal, flatulência, colelitíase (20-30%), hipo ou hiperglicemia, queda de cabelos, bradicardia sinusal e hipotireoidismo central1.
    • AGONISTAS DA DOPAMINA:
      • Reduzem pouco a secreção de GH, sendo mais indicados para os casos com cossecreção de GH e prolactina pelo adenoma hipofisário1.
      • BROMOCRIPTINA (PARLODEL: comprimido 2,5 e 5 mg): iniciar com 1,25 mg, VO, ao deitar e aumentar progressivamente, se necessário, até 5 a 7,5 mg/dia, VO, a cada 8 horas1.
      • CABERGOLINA (DOSTINEX: comprimido 0,5 mg): iniciar com 0,25 mg, VO, 1 vez por semana e aumentar, se necessário, até 3,5 mg/semana, VO, em 1 ou 2 doses semanais1.
      • Efeitos colaterais: cefaléia, tontura, hipotensão ortostática, contestão nasal, constipação, exacerbação e distúrbios do humor (menos frequentes com a cabergolina), calcificação aórtica, regurgitação tricúspide e fibrose pulmonar e retroperitoneal1.
      • Monitoriar com ecocardiogramas periódicos1.
    • BLOQUEADORES (ANTAGONISTAS) DO RECEPTOR DE GH:
      • Indicado para os casos que não respondem aos análogos de somatostatina1. Pode ser associado a outros medicamentos1.
      • PEGVISOMANTO (SOMAVERT: ampola 10, 15 e 20 mg): 10 a 40 mg, SC, 1 vez ao dia1. Fazer rodízio dos locais de aplicação1.
      • Efeitos colaterais: hipertrofia nos locais de aplicação e elevação das transaminases1.
  • 3° Opção: RADIOTERAPIA: indicada para os casos que não podem ser submetidos ao tratamento cirúrgico, ou com resultado insatisfatório a este e que não tolerem o tratamento medicamentoso2.

 

MONITORIZAÇÃO DE NEOPLASIAS

TABELA: MONITORIZAÇÃO DE NEOPLASIAS NAS SÍNDROME GENÉTICAS
SÍNDROME NEOPLASIAS
Realizar USG de abdome, Hemograma completo e dosagem do antígeno carcinoembrionário periodicamente:
Beckwith-Wiedemann Tumor de Wilms (0-8 anos de idade2), nefroblastoma, hepatoblastoma (0-4 anos de idade2), neuroblastoma, rabdomiossarcoma, tumor do córtex adrenal.
USG ABDOMINAL e ALFAFETOPROTEÍNA a cada 3 meses até 4 anos de idade e, a partir de 4 anos, USG ABDOMINAL a cada 4 meses até 8 anos de idade)2.
Sotos Tumor de Wilms, carcinoma hepático, vaginal e das parótidas e tumores neuroendócrinos
Weaver Neuroblastoma
Perlman Tumor de Wilms
Simpson-Golabi-Behmel Tumor de Wilms, hepatoblastoma, gonadoblastoma, neuroblastoma, carcinoma hepatocelular
Bannayan-Riley-Ruvalcaba Seminoma, germinoma
Fonte: modificado de ALVES, 2019.

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. ALVES, C.A.D.: Alta estatura . In: _______: Endocrinologia Pediátrica. Barueri-SP, Editora Manole, 1° edição, 2019: 27-44.
  2. BESERRA, I.C.R.: Alta estatura. In: MADEIRA, I.R. & CORDEIRO, M.M.: Endocrinologia Pediátrica. Barueri-SP, Editora manole, 2º ediçao, 2019: 9-23.