OSTEOPOROSE
Luiz S. G. Horta
DEFINIÇÃO
OSTEOPOROSE: doença metabólica sistêmica caracterizada por diminuição da massa óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, com consequente aumento da fragilidade e suscetibilidade a fraturas1. Na infância e adolescência, caracteriza-se por uma densidade mineral óssea ou conteúdo mineral ósseo baixo (z-score ≤ -2,0, ajustado para a idade e sexo) associado à fratura clinicamente significativa5. Fratura clinicamente significativa é aquela resultante de traumas leves, arbitrariamente definida pela presença de: (1) mais que duas fraturas em ossos longos até a idade de 10 anos; (2) mais que três fraturas em ossos longos até 19 anos de idade; ou (3) uma ou mais fraturas vertebrais na ausência de trauma de alta energia ou doença local, independentemente da densidade mineral óssea5.
OSTEOPENIA: doença metabólica sistêmica caracterizada por diminuição da massa óssea sem comprometimento da microarquitetura11.
RAQUITISMO: doença metabólica sistêmica causada pela diminuição da mineralização óssea da placa epifisária de crescimento e do tecido osteóide1. Exclusivo de crianças em fase de crescimento1.
FATORES DE RISCO PARA A REDUÇÃO DA DENSIDADE MINERAL ÓSSEA
FATOR DE RISCO | OBSERVAÇÕES |
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FATORES INTRÍNSECOS | |
Sexo feminino | |
Raça branca | |
Hereditariedade | |
Deficiência do hormônio do crescimento (GH) | |
Deficiência do fator de crescimento insulina-símile (IGF-1) | |
Deficiência de vitamina D | |
Deficiência de esteróides sexuais (testosterona e estradiol) | |
Excesso de cortisol | |
Excesso de paratormônio (PTH) | |
Excesso de hormônios tireoidianos | |
FATORES EXTRÍNSECOS | |
Baixa ingestão de cálcio | |
Baixa ingestão de vitamina C | |
Baixa ingestão de vitamina D | |
Baixa ingestão de vitamina K | |
Consumo excessivo de refrigerante tipo "cola" | |
Sedentarismo | |
Diminuição dos exercícios de resistência | |
Paralisias | |
Imobilização | |
Restrição ao leito | |
Tabagismo | |
Alcoolismo | |
Doenças crônicas | |
Uso de glicocorticóides | |
Uso de anticonvulsivantes |
ETIOLOGIA DA OSTEOPOROSE
ETIOLOGIA | OBSERVAÇÕES |
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OSTEOPOROSE PRIMÁRIA | |
OSTEOPOROSE IDIOPÁTICA JUVENIL (OIJ) | OIJ é uma condição rara (1:100.000 nascidos vivos) de curso autolimitado que acomete mais frequentemente o sexo masculino entre 8-12 anos de idade1. QUADRO CLÍNICO: dor lombar insidiosa e progressiva (com ou sem fraturas vertebrais), artralgia (joelhos e tornozelos), cifose, escoliose, deformidades torácicas, claudicação e fratura de ossos longos1,6. A resolução espontânea é comum no final da puberdade, com o desenvolvimento da maturação esquelética1. EXAMES:
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OSTEOGÊNESE IMPERFEITA (OI) | Doença dos "ossos de vidro": grupo heterogêneo de doenças do tecido conectivo caracterizado por fragilidade óssea e diminuição da DMO1. Herança: autossômica dominante (maioria, por mutações nos genes COL1A1 ou COL1A22), autossômica recessiva ou ligada ao X (gene PLS3)1,2. Incidência: 1:10.000-1:20.000 nascimentos1. 90% dos casos decorre de mutações nos genes que codificam a cadeia alfa do colágeno tipo 1 (COL1A1 e COL1A2), resultando em colágeno anormal ou em menor quantidade e predispondo a maior reabsorção óssea1. Mutações no gene PLS3,que codifica a plastina 3, uma proteína regulatória óssea, resulta em osteoporose ligada ao X6. QUADRO CLÍNICO: fraturas espontâneas ou decorrentes de traumas leves; redução do crescimento pondero-estatural; ace triangular; platisbasia; invaginação basilar; esclera azulada; déficit auditivo; vetigem; dentinogênese imperfeita; frouxidão ligamentar ou da pele; hérnias; pés-planos; prolapso de valva mitral1,2. DIAGNÓSTICO:
TRATAMENTO: bifosfonados1. |
SÍNDROME DE MARFAN | Incidência: 2-3:5.000-10.000 nascimentos1. Herança: autossômica dominante (75%) ou novas mutações (25%)1. Etiologia: mutação do gene da fibrilina-1 (FBN1)(60-90% dos casos), localizado no cromossomo 151. QUADRO CLÍNICO: alta estatura, proporções eunucóides, aracnodactilia, pectus excavatum ou carinatum, hipermobilidade articular, aneurisma de aorta (principal causa de morte)1.
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SÍNDROME DE EHLERS-DANLOS | |
SÍNDROME OSTEOPOROSE PSEUDOGLIOMA (OPPG) | É causada por mutações bialélicas do gene proteína relacionada ao receptor de lipoproteína de baixa densidade 5 (LPR5), um correceptor do WNT6. Caracteriza-se por osteoporose de início precoce e envolvimento ocular6. Mutação heterozigota LRP5 causa somente osteoporose precoce6. Mutações no gene WNT1, na forma heterozigótica, resulta em osteoporose e, na homozigótica, osteogênese imperfeita6. |
HOMOCISTINÚRIA | Doença autossômica recessiva do metabolismo dos aminoácidos, causada pela deficiência da enzima cistationina-sintetase, resultando no acúmulo de homocisteína no sangue e homocistinúria1. QUADRO CLÍNICO: alta estatura, hábito marfanóide, retardo mental, depressão, esquizofrenia, deslocamento do cristalino e propensão para trombose arterial e venosa1. EXAMES:
TRATAMENTO:
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DOENÇA DE PAGET JUVENIL | |
SÍNDROME DE HADJU-CHENEY | É causada por mutações no gene NITCH2 que comprometem a sinalização NOTCH, necessária para a diferenciação e funcionamento dos osteoblastos e osteoclastos6. |
HIPOFOSFATASIA | Erro inato do metabolismo de herança autossômica recessiva (formas graves) ou autossômica recessiva e dominante (formas moderadas), causada por mutação do gene ALPL (que codifica a fosfatase alcalina (TNSALP: tissue-nonespecific alkaline phosphatase) e síntese deficiente de fosfatase alcalina, resultando em defeito na mineralização óssea e/ou dentária1. Incidência: 1:300.000 (recém-nascidos com forma grave) e 1:6700 (formas moderadas)1. QUADRO CLÍNICO: varia desde a forma grave com morte durante a gestação até formas leves com perda da dentição em adultos1. TRATAMENTO:
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HIPERFOSTATASIA | |
OSTEOPOROSE SECUNDÁRIA | |
OSTEOPOROSE INDUZIDA PELA IMOBILIDADE | Em crianças e adultos com imobilidade prolongada, as fraturas por traumas leves comumente afetam o fêmur distal e a tíbia proximal6. |
ANOREXIA NERVOSA | Anorexia nervosa leva à desnutrição e um estado relativo de hipogonadismo hipogonadotrófico6. Há também redução da massa óssea e aumento no risco de fraturas6. A tríade da atleta feminina, vista em jovens ginastas ou atletas, é , caracterizada por desordem alimentar, disfunção menstrual e osteoporose6. Tanto a anorexia nervosa quanto a tríade da atleta feminina apresentam melhora da densidade mineral óssea com o ganho de peso e controle do ciclo menstrual6. |
HEMOGLOBINOPATIAS: falcemia, talassemia | |
HEMOFILIA | |
LEUCEMIA | Leucemia linfocítica aguda (LLA) é a malignidade mais comum na faixa pediátrica e apresenta elevado risco de fratura tanto no momento do diagnóstico como nos primeiros anos seguintes6. Há um aumento de 80% no risco de fratura vertebral a cada redução de 1 escore na densitometria óssea6. A maioria dos pacientes que se sobrevivem da LLA apresentam recuperação espontânea ou mediada pelo tratamento com bifosfonados da densidade mineral óssea6. |
LINFOMA | |
NEUROBLASTOMA | |
DOENÇA DO ESTOQUE DE GLICOGÊNIO | |
GALACTOSEMIA | |
DOENÇA DE GAUCHER | |
DOENÇA DE MENKES | |
INTOLERÂNCIA À PROTEÍNA | |
OUTRAS DOENÇAS | |
INFECÇÃO PELO HIV | A infecção pelo HIV provoca osteoporose por1:
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NEFROPATIA CRÔNICA | Nefropatia crônica causa osteoporose por1:
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HEPATOPATIA CRÔNICA | A hepatopatia crônica provoca osteoporose por1:
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SÍNDROMES MALABSORTIVAS | As síndromes de malabsorção intestinal causam osteoporose por1:
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DEFICIÊNCIA DE HORMÔNIO DO CRESCIMENTO | A deficiência de hormônio do crescimento provoca osteoporose por1:
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HIPOGONADISMO | O hipogonadismo e o consequente atraso puberal causam osteoporose por1:
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HIPOTIREOIDISMO CRÔNICO | O hipotireoidismo crônico causa osteoporose por1:
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HIPERPARATIREOIDISMO | O hiperparatireoidismo provoca osteoporose por1:
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DIABETES MELITO TIPO 1 | O diabetes melito tipo 1 provoca osteoporose por1:
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MEDICAMENTOSA | |
GLICOCORTICÓIDES | OSTEOPOROSE INDUZIDA POR GLICOCORTICÓIDES (GIO - glucocorticoid-induced osteoporosis): causa secundária mais comum de osteoporose em crianças, afetando principalmente a coluna vertebral1. Os glicocorticóides provocam osteoporose por diminuição da formação e aumento da reabsorção óssea1. A taxa mais elevada de perda óssea ocorre nos primeiros 3-6 meses de tratamento com glicocorticóides, seguido de um declínio lento com a persistência do uso4. Tanto doses diárias como cumulativas elevam o risco de fraturas, principalmente vertebrais4. TRATAMENTO:
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ANTICONVULSIVANTES (fenobarbital, fenitoína, carbamazepina, ácido valpróico) | O uso de fenitoína, fenobarbital e carbamazepina está associado à redução da massa óssea e deficiência da vitamina D, resultando em aumento do risco de fratura vertebral6.
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ANTIDIABÉTICOS ORAIS (pioglitazona, rosiglitazona) | |
INIBIDORES DA AROMATASE (anastrozol) | |
INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTONS (omeprazol, pantoprazol) | |
ANTIRRETROVIRAIS | |
ANTICOAGULANTES (heparina, cumarínicos) | |
QUIMIOTERÁPICOS (metotrexate, ciclosporina, ifosfamida) | |
HORMÔNIOS TIREOIDIANOS (levotiroxina) | |
ANÁLOGOS DO GnRH (leuprolida, triptorelina, goserelina) | |
ANTIANDROGÊNICOS (acetato de ciproterona) |
QUADRO CLÍNICO
Geralmente, a osteoporose é assintomática1. A osteoporose sintomática em crianças tipicamente se apresenta co história de fraturas recorrentes por traumas leves ou moderada a severa dorsalgia5. A presença de cáries em adolescentes pode ser um sinal de osteoporose1. O diagnóstico pode ser inferido a partir do diagnóstico de doenças de base que cursam com osteoporose (ex.: osteogênese imperfeita, síndrome de Marfan, etc.)1.
Pacientes com osteoporose grave e múltiplas fraturas podem apresentar: baixa estatura, incapacidade de deambular (deformidades ósseas em membros inferiores), incapacidade de se cuidar e realizar as atividades da vida diária, dificuldade respiratória (fratura de vértebras e arcos costais) e distúrbios psicológicos (medo e ansiedade em relação à possibilidade de novas fraturas)1.
DIAGNÓSTICO
ABSORCIOMETRIA COM RAIOS-X DE DUPLA ENERGIA (DXA - DUAL-ENERGY X-RAY ABSORBTIOMETRY):
- É o exame padrão-ouro para avaliar a densidade mineral óssea2, detectando perdas ósseas de até 5%1.
- Locais de avaliação:
- Adulto:
- Corpo inteiro1;
- Coluna lombar (L1-L4)1;
- Colo femoral1;
- Fêmur total1.
- Crianças (conteúdo mineral ósseo expresso em g/cm2; densidade mineral óssea expressa em z-escore) :
- Coluna lombar (L1-L4)1;
- Corpo inteiro (excluindo a cabeça)1.
- Resultados:
- Crianças e adolescentes (emprega-se o Z-escore, número de desvios-padrão abaixo da média de indivíduos de mesma idade, sexo, tamanho [peso e altura] e etina do paciente1. O z-escore é empregado nos indivíduos com menos de 20 anos de idade5.):
- Baixa densidade mineral óssea (DMO) para a idade cronológica: DMO < -2,0 desvios-padrão (Z-escore) da média de crianças da mesma idade e sexo1;
- Osteoporose:
- Uma ou mais fraturas de compressão vertebral na ausência de trauma de alto impacto e de doenças na coluna (não é necessário a DMO)1; ou
- Baixa DMO + duas ou mais fraturas de ossos longos até os 10 anos de idade1; ou
- Baixa DMO + três ou mais fraturas de ossos longos até os 19 anos de idade1.
- -2,0 Z-escores abaixo da média com repercussão clínica1.
- Adultos (mulheres na menacme e homens < 50 anos):
- Baixa DMO para a idade = DMO ≤ -2,0 desvios-padrão (Z-escore) da faixa esperada para a idade1.
- Osteoporose: baixa DMO + causa secundária (ex.: corticoterapia crônica)1.
- Mulheres menopausadas e homens com idade > 50 anos (emprega-se o T-escore, número de desvios padrão abaixo da média de indicíduos jovens, do mesmo sexo, no pico da massa óssea - 20 a 30 anos de idade):
- Osteopenia: DMO entre -1,01 e -2,49 desvios-padrão (T-escore) abaixo da média de adultos jovens1.
- Osteoporose: densidade mineral óssea (DMO) ≤ 2,5 desvios-padrão (T-escore) da média de adultos jovens, sem a associação de fraturas patológicas1.
- Osteoporose: densidade mineral óssea (DMO) ≤ 2,5 desvios-padrão (T-escore) da média de adultos jovens, com associação de uma ou mais fraturas patológicas1.
- Crianças e adolescentes (emprega-se o Z-escore, número de desvios-padrão abaixo da média de indivíduos de mesma idade, sexo, tamanho [peso e altura] e etina do paciente1. O z-escore é empregado nos indivíduos com menos de 20 anos de idade5.):
OUTROS EXAMES RADIOLÓGICOS
- São pouco sensíveis para diagnosticar a osteoporose ou monitorar a resposta terapêutica1. Úteis para a investigação da etiologia e avaliar o comprometimento dos óssos vertebrais1.
- RAIOS-X DE OSSOS LONGOS:
- Osteoporose idiopática juvenil: fraturas metafisárias1;
- Osteogênese imperfeita: fraturas diafisárias1.
- RAIOS-X LATERAL DE COLUNA TORÁCICA E LOMBAR:
- Avaliar as fraturas de compressão vertebral em pacientes com dorsalgia, deformidade de coluna ou redução de estatura1.
- CRITÉRIOS DE GENANT: avaliação da redução de altura do corpo vertebral1,2:
- Redução < 20% = grau zero (normal);
- Redução entre 20-25% = grau 1 (leve);
- Redução entre 25-40% = grau 2 (moderado);
- Redução > 40% = grau 3 (severo).
- RAIOS-X DE CRÂNIO:
- Osteogênese imperfecta: alterações nos ossos wormianos1.
EXAMES LABORATORIAIS
- HEMOGRAMA COMPLETO: descartar leucemia1.
- URÉIA / CREATININA: descartar nefropatia1.
- AST / ALT: descartar hepatopatia1.
- PROTEÍNAS TOTAIS E FRAÇÕES: avaliar função hepática e albuminemia para correção do valor de cálcio sérico na presença de hipoalbuminemia1. Na hipoalbuminemia, o nível de cálcio total fica baixo, porém a fração biologicamente ativa permanece normal3. A correção matemática da calcemia poderá ser feita acrescentando-se 0,8 mg/dL no nível de cálcio para cada grama de albumina abaixo de 4 g/dL3.
- CÁLCIO, FÓSFORO, MAGNÉSIO, FOSFATASE ALCALINA: descartar raquitismo, hipo ou hiperfosfatasia1.
- SÓDIO, CLORO, POTÁSSIO, RESERVA ALCALINA: descartar acidose tubular renal1.
- GLICEMIA: descartar diabetes melito1.
- PROTEÍNA C REATIVA: descartar inflamação e/ou infecção1.
- GASOMETRIA: descartar acidose tubular renal1.
- TSH, T4 livre: descartar hipo ou hipertireoidismo1.
- PTH intacto: descartar hiperparatireoidismo1.
- URINA I1.
Observação: Outros exames subsidiários podem ser necessários de acordo com a etiologia. |
TRATAMENTO
TRATAMENTO PROFILÁTICO
- ALIMENTAÇÃO RICA EM DERIVADOS DO LEITE E EM CEREAIS INTEGRAIS1.
ATENÇÃO: Cuidado com a manipulação de pacientes com redução grave da DMO e história de múltiplas fraturas (ex.: osteogênese imperfeita) para evitar novas fraturas. |
TRATAMENTO DA OSTEOPOROSE JÁ INSTITUÍDA
ABORDAGEM NÃO FARMACOLÓGICA
- Corrigir a doença de base:
- Suspender medicamentos associados à mineralização óssea deficiente1;
- Doença celíaca: dieta sem glúten1;
- Acidose tubular renal: reposição adequada de bicarbonato1;
- Leucemia: quimioterapia1;
- Hipogonadismo: adminstração de esteróides sexuais1;
- Doença inflamatória intestinal: administrar medicamentos que promovam a remissão da inflamação1.
- Suspender medicamentos causais1;
- Estimular atividade física1:
- Pacientes com redução moderada da DMO e deambulação normal:
- Atividade física regular:
- Pelo menos 60 minutos/dia1;
- Atividades que promovam carga (andar, correr), considerando o risco de novas fraturas1;
- Atividade física regular:
- Pacientes com redução moderada da DMO e deambulação normal:
- Extimular exposição à luz solar1;
- Alimentação com nutrientes ricos em cálcio e vitamina D1;
- Deixar de fumar ou evitar o fumo passivo1;
- Diminuir o consumo de bebidas alcoólicas, refrigerantes tipo "cola" e cafeína1;
- Prevenção de quedas1:
- Sapatos com solas antiderrapantes1;
- Barras de apoio no banheiro e ao lado do vaso sanitário1;
- Evitar uso de tapetes1;
- Evitar medicamentos que deprimam a consciêncai ou que alterem o equilíbrio1.
ABORDAGEM FARMACOLÓGICA
- INDICAÇÕES:
- Pacientes que falham em responder às medidas iniciais1.
- SUPLEMENTAÇÃO DE CÁLCIO E VITAMINA D:
- DIETA RICA EM CÁLCIO E VITAMINA D;
- REPOSIÇÃO DE CÁLCIO: deve ser realizada após a comprovação da deficiência de cálcio1.
- CARBONATO DE CÁLCIO (40% de cálcio elementar): 40-75 mg/100Kcal/dia de cálcio elementar (máximo: 3 gramas/dia), VO, 8/8 horas1.
- REPOSIÇÃO DE VITAMINA D:
- Indicação: deve ser realizada nos casos de deficiência de vitamina D1.
- Posologia: 800 a 2000 UI/dia1. Pacientes com doença de Crohn, uso de inibidores da bomba de prótons ou pós-cirurgia bariátrica podem necessitar doses maiores de cálcio e/ou vitamina D, ou a reposição na forma de citrato de cálcio1.
ALIMENTO | CÁLCIO (mg) |
---|---|
Iogurte natural (1 xícara de chá) | 415 |
Iogurte com frutas (1 xícara de chá) | 345 |
Leite integral (1 xícara de chá) | 291 |
Leite desnatado (1 xícara de chá) | 302 |
Queijo mozzarella (1 fatia pequena) | 120 |
Queijo branco (1 fatia pequena) | 205 |
Sorvete de leite (1 xícara) | 176 |
Espinafre cozido (1/2 xícara) | 122 |
Batata assada (1 unidade média) | 115 |
Brócolis cozido (1 xícara) | 94 |
Hamburger com queijo (1 unidade) | 135 |
Sardinha em conserva (100 gramas) | 402 |
ALIMENTO | VITAMINA D (1 µg = 40 UI) |
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Óleo de peixe (1 colher de chá) | 400 UI |
Sardinha enlatada (100 gramas) | 300 UI |
Atum (90 gramas) | 230 UI |
Fígado de boi (100 gramas) | 50 UI |
Iogurte (100 gramas) | 90 UI |
Fórmulas lácteas fortificadas (1 litro) | 400 UI |
Leite materno (1 litro) | 20 UI |
Leite de vaca (1 litro) | 40 UI |
Fonte: ALVES et al., 2018. |
- INIBIDORES DA REABSORÇÃO ÓSSEA - BIFOSFONADOS:
- INDICAÇÃO:
- pacientes com fragilidade óssea e fraturas de repetição1.
- POSOLOGIA:
- BIFOSFONADOS POR VIA ORAL (COMPRIMIDOS):
- Bifosfonados por via oral são comumente usados no tratamento de osteoporose em adultos6. Com a devida cautela, na faixa etária pediátrica, bifosfonados orais devem ser reservados para as formas leves de osteogênese imperfeita sem fraturas vertebrais ou nos casos de fobia a agulha ou recusa ao tratamento parenteral6.
- Os comprimidos de bifosfonados devem ser ingeridos pela manhã, em jejum, com um copo de água cheio (200 mL)1. O paciente deve estar sentado ou em pé e deve assim permanecer por, pelo menos, 60 minutos após a ingestão do medicamento1.
- Pacientes acamados e crianças que não conseguem engolir o comprimido inteiro não podem usar bifosfonados por via oral1.
- O café da manhã somente poderá ser tomado pelo menos 30 minutos após a ingestão do medicamento1.
- BIFOSFONADOS DE USO PARENTERAL (INTRAVENOSO):
- PAMIDRONATO intravenoso é o bifosfonado mais amplamente usado na faixa etária pediátrica6. Posologia do pamidronato: 0,5-1,0 mg/Kg/dia, IV, 1 vez ao dia, por 3 dias, a cada 3 meses6.
- A administração intravenosa de bifosfonados pode causar uma reação de fase aguda (febre, dor óssea, mialgia, cefaléia) nas primeirs 48 horas após a primeira dose do medicamento1. Essa reação pode ser atenuada com a administração prévia de IBUPROFENO ou ACETAMINOFENO1.
- BIFOSFONADOS POR VIA ORAL (COMPRIMIDOS):
- DURAÇÃO DO TRATAMENTO:
- Adultos com baixo risco de fraturas: o tratamento pode ser suspenso após 3-5 anos1;
- Pacientes com risco elevado de fraturas: o tratamento pode ser superior a 3-5 anos1.
- EVENTOS ADVERSOS:
- Reação de fase aguda: ocorre dentro de 72 horas da primeira dose de bifosfonado em 85% das crianças, sendo caracterizado por febre, mal-estar, diarréia, náusea e mialgia6. Raramente ocorre nas doses subsequentes6.
- Hipocalcemia, hipofosfatemia e aumento da proteína C reativa podem ser observados sem significância clínica6.
- Fratura atípica de colo de fêmur: é de ocorrência rara, mas séria, cuja incidência aumenta com o tempo de exposição aos bofosfonados1.
- Osteonecrose da mandíbula pode ocorrer em adultos, frequentemente em doenças ósseas metastáticas e insuficiência renal6.
- RECOMENDAÇÕES:
- Corrigir a deficiência de vitamina D antes de iniciar o tratamento com bifosfonado6.
- INDICAÇÃO:
DROGA | APRESENTAÇÃO COMERCIAL | USO | POSOLOGIA |
---|---|---|---|
ALENDRONATO |
|
VO |
|
RISENDRONATO |
|
VO |
|
IBANDRONATO |
|
VO |
|
PAMIDRONATO |
|
IV |
|
ZOLEDRONATO |
|
IV |
|
NERIDRONATO | Não disponível no Brasil. |
IV |
|
OLPADRONATO | Não disponível no Brasil |
VO |
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Fonte: ALVES et al., 2018. |
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- ALVES, C.A.D. et al.: Osteoporose em crianças e adolescentes. In: Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Endocrinologia: Guia Prático de Atualização, n° 4 (2018).
- OLENGINSKI, T.P.; NEWMAN, E.D.; HUMMEL, J.L. & HUMMER, M.: Development and evaluation of a vertebral fracture assessment program using IVA and its integration with mobile DXA. Journal of Clinical Densitometry (2006); 9(1): 72-77.
- BRIZOLA, E.; ZAMBRANO, M.B.; PINHEIRO, B.S.; VANZ, A.P. & FELIX, T.M.: Características clínicas e padrão de fraturas no momento do diagnóstico de osteogênese imperfeita em crianças. Rev Paul Pediatr (2017); 35(2): 171-177.
- BUCKLEY, L.; GUYATT, G.; FINK, H.A.; CANNON, M.; GROSSMAN, J.; HANSEN, K.E.; HUMPHREY, M.B.; LANE, N.E.; MAGREY, M.; MILLER, M.; MORRISON, L.; RAO, M.; ROBINSON, A.B.; SAHA, S.; WOLVER, S.; BANNURU, R.R.; VAYSBROT, E.; OSANI, M.; TURGUNBAEV, M.; MILLER, A.S.& McALINDON, T.: 2017 American College of Rheumatology Guideline for the prevention and treatment of glucocoricoid-induced osteoporosis. Arthrits & Rheumatology (2017); 69(8): 1521-1537.
- MAGGIOLI, C. & STAGI, S.: Bone modeling, remodeling, and skeletal health in children and adolescents: mineral accrual, assessment and treatment. Ann Pediatr Endocrinol Metab (2017); 22: 1-5.
- SARAFF, V. & HOGLER, W.: Osteoporosis in children: diagnosis and management. European Journal of Endocrinology (2015); 173: R185-R197.