ATIVIDADE DA RENINA PLASMÁTICA (ARP)

 

INTRODUÇÃO

A renina é uma enzima sintetizada, armazenada e liberada pelas células justaglomerulares do aparelho justaglomerular dos rins1. As células justaglomerulares presentes na arteríola eferente de cada glomérulo sintetizam a pró-renina, que é clivada formando a renina1. A renina converte o angiotensinogênio em angiotensina I1.

A liberação da renina na circulação é estimulada por:

  • Redução da pressão hidrostática renal1;
  • Hiponatremia1;
  • Hipercalemia1;
  • Redução das catecolaminas1;
  • Redução da angiotensina II1;
  • Redução do hormônio natriurético atrial1.

 

INDICAÇÕES

  • Diagnóstico diferencial da hipertensão arterial sistêmica secundária:
    • Hiperaldosteronismo primário1;
    • Estenose unilateral da artéria renal1;
  • Rastreamento preliminar para diferenciar pacientes hipervolêmicos com atividade da renina plasmática diminuída (hiperaldosteronismo primário) dos com atividade da renina plasmática normal ou elevada1;
  • Diagnóstico da hipertensão renovascular no teste do captopril1;
  • Controle do tratamento da hiperplasia adrenal congênita com mineralocorticóide1.

 

 

MÉTODO

MATERIAL BIOLÓGICO

  • Sangue com EDTA 1.

CUIDADOS

  • Jejum de 4 horas1;
  • Coletar após 2 horas de ortostatismo ou deambulação1;
  • A renina deve ser indexada em relação ao nível de sódio em urina de 24 horas1.

METODOLOGIA

  • Radioimunoensaio1. Adiciona-se angiotensinogênio ao plasma do paciente e, após um período específico, termina-se a reação, dosando-se a angiotensina I por radioimunoensaio1.

 

 

INTERPRETAÇÃO

VALORES NORMAIS

  • Decúbito: 0,15-2,33 ng/mL/h1.
  • Ortostática: 1,35-3,95 ng/mL/h1.

 

VALORES ELEVADOS:

  • Hipertensão essencial (15% dos casos)1;
  • Hiperaldosteronismo secundário1;
  • Medicações:
    • Diuréticos (incluindo espironolactona)1;
    • Bloqueadores de canal de cálcio di-hidro-piridínicos1;
    • Inibidores da enzima de conversão da angiotensina1;
    • Antagonistas do receptor da angiotensina1;
    • Estrogênios1;
    • Corticosteróides1;
  • Insuficiência suprarrenal primária1;
  • Doença renovascular1;
  • Hipertensão maligna1;
  • Pseudo-hipoaldosteronismo tipo I1;
  • Síndrome de Bartter1;
  • Síndrome de Gitelman1;
  • Insuficiência cardíaca1;
  • Insuficiência renal crônica1;
  • Isquemia renal pós-transplante1;
  • Síndrome de Cushing1;
  • Cirrose hepática1;
  • Neoplasia de pulmão1;
  • Hamartoma hepático1;
  • Gravidez normal1;
  • Feocromocitoma1;
  • Segunda metade do ciclo menstrual1;
  • Síndrome nefrótica1;
  • Tumor secretor de renina1;
  • Redução do volume plasmático por:
    • Dieta hipossódica1;
    • Diuréticos1;
    • Hemorragia1.

 

VALORES DIMINUÍDOS:

  • Insuficiência renal1;
  • Hiperaldosteronismo primário (98% dos casos)1;
  • Hipertensão arterial sistêmica devido à estenose de artéria renal unilateral ou doença parenquimatose renal unilateral1;
  • Hipertensão arterial sistêmica (25% dos casos)1;
  • Idade (com o envelhecimento, há um decréscimo de 35% da terceira à oitava décadas de vida, tanto em indivíduos normais como hipertensos)1;
  • Hiperplasia adrenal congênita (deficiência de 11-β-hidroxilase e de 17-α-hidroxilase)1;
  • Síndrome de Cushing1;
  • Resistência primária a glicocorticóide1;
  • Tumores da suprarrenal produtores de desoxicorticosterona1;
  • Medicações:
    • Betabloqueadores1;
    • Clonidina1;
    • α-metildopa1;
    • antiinflamatórios não-esteroidais1;
  • Dieta hipersódica1;
  • Ingestão de alcaçuz1;
  • Síndrome do ACTH ectópico1;
  • Fase lútea do ciclo menstrual1;
  • Gravidez1.

 

 

RELAÇÃO ALDOSTERONA/ATIVIDADE DA RENINA PLASMÁTICA

A relação aldosterona/atividade da renina plasmática (CPA/ARP) é um teste de rastreamento na suspeita de hiperaldosteronismo primário1. O hiperaldosteronismo primário é acompanhado de hipocalemia em 50% dos casos, dificultando seu diagnóstico, o que pode ser feito pela relação CPA/ARP1.

METODOLOGIA: Dosar aldosterona (CPA - ng/dL) e atividade da renina plasmática (ARP - ng/mL/h) após 2 horas de ortostatismo1.

CUIDADOS:

  • Não usar espironolactona ou eplerenone por 4-6 semanas1.
  • Descontinuar ou uso de fármacos antihipertensivos por pelo menos 2 semanas antes do teste1.

 

 

TESTE DA RENINA COM CAPTOPRIL

METODOLOGIA: administrar captopril 25-50 mg e dosar atividade da renina plasmática (ARP) 1 hora após 1.

INTERPRETAÇÃO:

  • ESTENOSE DA ARTÉRIA RENAL: elevação exagerada da ARP1.

 

 

DOSAGEM DA ATIVIDADE DA RENINA PLASMÁTICA NAS VEIAS RENAIS, CAVA INFERIOR E AORTA OU ARTÉRIAS RENAIS

INTERPRETAÇÃO: o teste é considerado positivo quando a concetração do rim isquêmico for, pelo menos, 1,5 vezes superior ao do rim normal, que deverá ser igual ou inferior à concentração da ARP na veia cava inferior (padrão), ou quando houver um incremento relativo a cada artéria e veia renal1. A resposta ao teste pode ser potencializada com captopril1.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. MORAIS, V.D.: Renina, atividade plasmática da. In: SOARES, J.L.M.F.; ROSA, D.D.; LEITE, V.R.S. & PASQUALOTTO, A.C.: Métodos diagnósticos. consulta rápida. Porto Alegre, Editora Artmed, 2° edição, 2012.